A retomada das relações entre Cuba e EUA na perspectiva da cooperação regional

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Patricia Soares Leite

Resumen

Em contexto internacional tão marcado por desafios à paz e segurança internacional, em que o uso da força se tem disseminado, não raro, à revelia da Carta da ONU, e provocado perdas humanas e deslocamentos massivos e sem solução à vista, o continente americano tem dado grandes mostras de confiança na diplomacia para a resolução de longas e profundas controvérsias. Em 2015, o avanço do processo de negociação de paz na Colômbia e, em
especial, a decisão dos EUA e de Cuba de restabelecerem relações diplomáticas e abrirem missões permanentes nas respectivas capitais têm comprovado o acerto da aposta na paciência, na razão e na negociação tanto dos atores diretamente envolvidos no processo como dos países latino-americanos, em seu conjunto. Ainda que seja prematuro anunciar a normalização das relações bilaterais, tendo em conta a persistência de temas pendentes de desfecho como o embargo econômico, comercial e financeiro à ilha caribenha, o reatamento formal e a abertura de embaixadas são ganhos diplomáticos que contribuem não só para dinamizar os laços entre os dois Estados, mas, sobretudo, para consolidar o continente americano como espaço de paz, de democracia e de cooperação.
Este artigo tem como objetivo tratar do impacto, na América Latina, do início do processo de normalização das relações entre EUA e Cuba, na perspectiva da cooperação regional. Sem diminuir o papel de EUA e Cuba, sem dúvida os protagonistas desse processo, buscaremos assinalar o apoio, em nossa visão decisivo, do concerto dos Estados latinoamericanos para a distensão entre ambos os países, a partir do acumulado histórico de respeito ao Direito Internacional, em especial da defesa conjunta de princípios como a não-intervenção, a autodeterminação dos povos e a solução pacífica de controvérsias.

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